Suriname: turismo em Paramaribo

Suriname: turismo em Paramaribo

O Suriname está entre os países menos conhecidos da América do Sul e recebe pouquíssimos turistas brasileiros, mesmo fazendo fronteira com o nosso país. Mas qual o motivo desse desconhecimento? Falta de interesse?

Tudo bem que é o menor país do sul da América, com a maior parte de sua área territorial intocável (mais de 90% de sua área é floresta amazônica composta de mata virgem). Por outro lado, foi o lugar mais singular que conhecemos por aqui! E isso se dá não só pela sua colonização holandesa, como também pela mistura de povos que habitam o Suriname.

No post anterior, demos várias dicas importantíssimas para quem pretende visitar o país. Se você ainda não viu, não deixe de ler, pois são informações substanciais para entender como foi a formação do Suriname, sua exata localização no mapa, cultura, história, religião, idioma, moeda e muito mais!

Passamos 4 dias em Paramaribo, sendo que dois deles foram feriados nacionais: em um, tivemos contato com uma celebração hindu e o outro foi a sexta feira da Paixão, conhecida aqui no Brasil.

Para quem pretende visitar apenas a capital Paramaribo, dois dias são suficientes. Se você pretende fazer os passeios que várias agências oferecem por lá (basicamente ecoturismo), precisará de mais tempo. Pegamos o folheto que uma agência nos ofereceu e vimos diferentes tipos de passeios, com duração de 1 a 9 dias, e com valores a partir de 19 euros (city tour pela cidade) até passeio de 9 dias que custava 950 euros (valores de março de 2016).

Como a maior parte dos turistas que visitam a cidade são europeus (holandeses na grande maioria), a galera cobra em euro mesmo. Os tours que nos interessavam estavam acima de 60 euros e achamos muito caro gastar mais de R$ 500 para fazermos um passeio de um dia. É, a cotação do dólar não estava boa nessa época não.

Com 4 dias para andar por Paramaribo, curtimos a viagem em um clima bem desacelerado, o que no final foi muito bom, pois não tínhamos aquela “obrigação” de acordar cedo para cumprir uma agenda cheia de passeios. Ficamos hospedados em uma área nobre de Paramaribo, chamada de Combe, onde ficam os melhores hotéis e cassinos, além de bares e restaurantes mais sofisticados. De lá foi possível andar até todos os pontos turísticos que visitamos. Sério mesmo, fizemos tudinho a pé!

Dica: para quem ainda não conhece Belém, recomendamos uma viagem de 4 ou 5 dias incluindo a capital do Pará e a capital do Suriname. 

Vamos ver o que Paramaribo tem de legal?

O primeiro local que visitamos foi FORT ZEELANDIA, uma região que, no século XVII, foi dominada pelos britânicos e batizada como Fort Willoughby, em homenagem ao comandante inglês Lord Francis Willoughby. Reconquistado posteriormente por um holandês da província de Zeeland, passou a ser chamado de Fort Zeelandia.

É uma área arborizada, com casas coloniais bem preservadas e um forte que deu o nome a essa “vila” e que abriga um museu.

A entrada de Fort Zeelandia

A entrada de Fort Zeelandia

Os turistas adoram essas coisas!

Os turistas adoram essas coisas!

À medida que víamos casas com arquitetura típica colonial, o passeio ficava interessante, já que esses tipos de casas não são nada comuns nos países da América do Sul. Vale lembrar que o que chamamos de arquitetura colonial não tem nada a ver com a arquitetura colonial dos países dominados pelos portugueses e espanhóis. Veja as fotos seguintes e você entenderá o que estou dizendo!

Casa em Fort Zeelandia Paramaribo

Essa é uma das casas coloniais de Fort Zeelandia

Fort Zeelandia Paramaribo

Vimos que uma das casas estava aberta ao público e resolvemos entrar. Todas as informações estavam em holandês, mas uma senhora muito simpática que sabia falar inglês nos acompanhou e explicou que aquelas imagens contavam a história de Willem Eduard Herman Winkels, um holandês que foi morar em Paramaribo em uma época que o país era colônia da Holanda e que ainda havia escravidão.

Se você não sabe, a Holanda aboliu a escravidão em 1863, ou seja, 25 anos antes do Brasil, que só acabou com o regime escravocrata em 1888.

A casa que abriga a exposição sobre Willem Eduard Herman Winkels

A senhora nos contou que as legendas das gravuras eram repletas de humor. Infelizmente não sabemos holandês, porém conseguimos perceber esse toque humorístico pelas próprias gravuras.

Willem Eduard Herman Winkels tinha um retroprojetor que usava com o auxílio de uma vela para gerar as imagens. As gravuras mostravam não só a situação submissa dos escravos que trabalhavam na colônia, mas também a dificuldade do homem branco em morar naquele ambiente hostil. Vale lembrar que o Suriname está localizado em plena floresta amazônica e naquela época era uma local praticamente inabitável, por conta do clima tropical extremamente úmido, além de uma fauna nociva ao ser humano, principalmente em relação à variedade de mosquitos.

Gravuras de Willem Eduard Herman Winkels

O retroprojetor e as gravuras de Winkels. Observe que a gravura da parte baixa do lado direito retrata a dificuldade do europeu em dormir em uma rede rss

Bem em frente a essa casa está localizado o forte, que hoje é um museu sobre o a história do país. A entrada é paga e cada um desembolsou 20 SRD, o que na época equivalia a aproximadamente R$ 14,00. Infelizmente não tenho muitas informações a dar sobre o local porque tudo estava no idioma deles.

Durante a estadia em Paramaribo, visitamos dois locais turísticos onde todas as informações estavam em holandês e não conseguimos aproveitar o que elas têm de melhor por causa disso. Essa é a única crítica que temos a respeito do país. Tudo bem que a maioria dos turistas são holandeses, mas e os outros? Eles pecaram muito em não ter alguma coisa em inglês.

As casas do forte foram feitas de tijolos vermelho, diferentemente das outras construções que vimos, feitas de madeira.

Dentro do museu

Dentro do museu

Os turistas podem entrar em cada casinha do forte, onde verão imagens, objetos e alguns vídeos que contam a história do Suriname colonial, artefatos indígenas, as religiões e a independência do país.

Farmacia Antiga Fort Zeelandia

A reprodução de uma antiga farmácia em Paramaribo

A vista para o Rio Suriname

A vista para o rio Suriname

Fort Zeelandia Casas

A vista que temos do alto do forte

Próximo ao Fort Zeelandia, visitamos o PALMENTUIN, um grande parque onde foram plantadas cerca de 1000 palmeiras imperiais, que dão o nome ao local. É um lugar muito agradável para caminhar e tirar fotos legais, já que a imagem das árvores com o céu combinam de tal forma que nos renderam ótimos cliques!

As palmeiras imperiais do Palmentuin

As palmeiras imperiais do Palmentuin

Foto com o efeito da leite olho de peixe da GoPro

Fotos com o efeito da lente olho de peixe da GoPro

O Palmentuin está localizado nos fundos do Palácio Presidencial e possui duas entradas: uma pela Kleine Waterstraat e outra pela Grote Combeweg. É apenas um grande jardim, mas vale a visita pelo visual lindo das palmeiras!

Outro ponto de visitação famoso é a ONAFHANKELIJKHEIDSPLEIN, que é nada mais nada menos que a Praça da Independência. É uma praça muito ampla, onde podemos ver algumas construções históricas feitas de madeira e o Palácio Presidencial.

Independence Square Paramaribo

Bandeiras da Praça da Independência

O Palácio Presidencial

Construções ao redor da praça

Dessa praça, podemos seguir por dois caminhos diferentes, porém interessantes. Se seguirmos pelas ruas de dentro chegaremos à Mr. J.C. de Miranda Straat, uma rua com casinhas de tijolos vermelho. Nós viramos na Mr. F.H. Lim A Po St e seguimos até a Watermolen Straat. Em todo esse caminho você verá muitas casinhas de arquitetura holandesa, tanto de tijolos quando de madeira.

Rua em Paramaribo

Mr. J.C. de Miranda Straat

Watermolenstraat

Casas da Watermolenstraat

Agora se você preferir sair da Praça da Independência costeando o rio Suriname, você passará pela famosa Waterkant, uma outra rua que tem importância desde a época colonial e que preserva a arquitetura holandesa. De uma lado da rua, vemos apenas casas como essas da foto abaixo. Do outro, há uma orla nas margens do rio com algumas barraquinhas, mas que achamos sem muito cuidado.

Waterkant

Casas da Waterkant

Seguindo a Waterkant, chegaremos ao MERCADO CENTRAL. Nessa região, começamos a ver ruas um pouco mais precárias, com alguns buracos, poucas calçadas e muita gente para pouco espaço.

Enquanto estávamos na região do Fort Zeelandia, Palmentuin, Plácio Presidencial e ruas de dentro, as ruas eram mais pavimentadas, não havia tantas pessoas transitando nem muito comércio. Mas quando chegamos às imediações do mercado central foi que pudemos realmente ver a população local e é ali onde começa o comércio de verdade.

Frente do Mercado em Paramaribo

Ponto de ônibus próximo ao mercado central

Mercado Paramaribo

O Mercado Central de Paramaribo

Andamos bastante por essas ruas do centro e foi aí que começamos a ver a Paramaribo com cara de mais uma cidade da América do Sul, com a falta de infraestrutura urbana, onde a arquitetura muda completamente de paisagem e nos sentimos realmente em um país subdesenvolvido. Vale muito à pena ir para esses lados se o seu objetivo é ter um maior contato com a população local e analisar o modo de vida do povo surinamês.

O trânsito nessa parte da cidade é um pouco caótico, há carros estacionados nos passeios e pouco espaço para os pedestres. Mesmo assim, as pessoas paravam para a gente poder atravessar a rua, mesmo que fora da faixa.

Rua central de Paramaribo

Engarrafamento em uma das ruas centrais

Padaria em Paramaribo

Uma padaria no centro de Paramaribo. Diferente, né?

Ruas em Paramaribo Suriname

Mais ruas do centro de Paramaribo

Falamos no post anterior que o Suriname é um país de imigrantes de vários locais diferentes que convivem harmonicamente, inclusive em termos religiosos. Quem leu o post deve ter visto a foto que tiramos de uma sinagoga ao lado de uma mesquita, algo que nunca vimos em nenhum outro país (se você ler um pouco da história entre judeus e muçulmanos, entenderá bem o motivo da minha surpresa!). Além desses dois templos religiosos, visitamos igrejas e templos hindus. Detalhe é que não tive a oportunidade de entrar em nenhum deles.

A igreja era a única que estava aberta, mas perdi a chance de entrar porque estava vestindo shorts e nesse local há um código de vestimenta onde as pessoas devem cobrir pernas e ombros. Dei até uma espiadinha da porta e ela pareceu ser muito bonita! Os outros templos estavam fechados e tivemos que nos contentar em tirar fotos das fachadas.

Templos Religiosos em Paramaribo

No alto, da esquerda para a direita: a catedral e basílica de São Pedro e Paulo, o templo hindu Shri Vishnu Mandir e o templo hindu Arya Dewaker. Na parte de baixo: a mesquita e a sinagoga.

De todos esses lugares que visitamos, apenas os templos hindus são distantes e foram difíceis de encontrar. Até as pessoas que moram em Paramaribo disseram que não dava para ir a pé aos templos, mas mesmo assim fomos (mas andamos MUITO debaixo do sol!).

Se o Suriname está nos seus planos, pode ter certeza que é uma viagem que vale à pena e que é um destino acessível financeiramente. Na verdade, todas as viagens valem à pena, desde que você saiba tirar proveito de cada local!

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Ama animais, viagens e gastronomia, sempre tentando conciliar suas três paixões. Andou por mais de 60 países e está sempre programando a próxima viagem. O destino? Depende das promoções de passagens aéreas!

17 Comentários

  1. Parabéns pelas postagens!

    Eu tenho vontade de conhecer as Guianas numa única viagem…mas tenho dificuldades em minhas pesquisas na internet…não acho nada sobre como fazer o deslocamento entre Georgetown, Paramaribo e Caiena, nem mesmo se existe alguma operadora que faça um pacote para isso.

    Sabe informar a respeito?

    Muito obrigado!

    Jorge

    • Olá! Tudo bem?
      Eu também encontrei essa dificuldade e por isso desisti de fazer o Suriname com as Guianas. Sei que tem gente que faz, mas me pareceu muito trabalhosos e custoso.
      Infelizmente não sei te informar.
      Agradeço pela mensagem.
      Abraços

  2. Olá Gabriela, tudo bem?

    Primeiramente, parabéns pelo texto. Tiro o chapéu para, pessoas como você que, desbravam a nos trazer informações riquíssimas. Escrever sobre Orlando, Paris, Londres é fácil, agora os bons escrevem sobre Paramaribo.

    Morro de vontade de conhecer o Suriname e as Guianas, porém o medo fala mais alto (medo do desconhecido), todavia, vocês conseguiram me dar a injeção de ânimo que faltava. Já estou pesquisando passagens kkkk. Apenas algumas dúvidas, se vocês puderem me esclarecer eu agradeço.

    1) Visto: sim ou não?
    2) Moeda: Levo dólar, Euro os mesmo nosso Real dá pra se virar lá.
    3) Translado do Aeroporto a região hoteleira: Muito caro? São de confiança?
    4) Porque o aeroporto é tão longe assim?
    5) Idioma: Somente inglês mesmo, ou a presença do garimpo brasileiro permite a gente se virar no português?

    Fico no aguardo
    Att
    Daniel Jose dos Santos

    • Olá! Tudo bem?
      Muito obrigada pela mensagem!!! Fiquei bem feliz com o elogio!
      Respondendo as suas perguntas:
      1- Não precisa de visto
      2- Pode levar euro ou dólar
      3- Traslado é na faixa de U$10. É confiável
      4- Não sei dizer porque o aeroporto é longe
      5- Só vi uma brasileira por lá (com quem conversamos em português). Fora isso, a comunicação foi toda em inglês com as pessoas de lá
      Estou à disposição para ajudar no que eu puder.
      Abraços

  3. Oi querida., meu nome é Leonardo, sou de Salvador Bahia, tenho um sonho de morar fora do País pra poder trabalhar e tentar uma vida melhor, surgiu a oportunidade pra me de ir para Paramaribo, como eu consigo com um custo beneficio menor a passagem, daqui de Salvador pra lá, e com relação ao passaporte, minha amiga mim indicou que quando eu fosse emitir, que eu dissesse que iria a passeio e que em 3 em 3 meses eu renovava o visto la na embaixada, mim explica um pouco por favor. Amei seu blog.

  4. Gabriela, muito bacana o conteúdo do seu site falando do Suriname! Estou em uma situação um tanto inusitada… Peguei um vôo bem barato da Surinam Airways do Brasil para Curaçao, que faz uma conexão bem longa em Paramaribo. Por “longa” eu quero dizer das 22:30 do dia 19/05 às 12:30 do dia 20/05 na ida e das 18:30 do dia 27/05 à 01:45 do dia 28/05 na volta, rsrs. Assim, como será um tempo bem razoável que eu desperdiçaria no aeroporto, ainda mais levando em consideração que estamos falando de uma noite inteira de sono na ida, pensei em conhecer de forma breve a capital do Suriname. Penso em ficar em um hotel na ida chegando próximo da meia noite, acordando às 6 da manhã, fazendo um tour pelo centro histórico até próximo às 10:30 e depois voltar ao aeroporto. E, para a volta, planejei um jantar bacana com a minha esposa, seguindo inclusive a sua recomendação para ficar no Fish Market, já que será numa sexta-feira. Você acha esse planejamento viável? Digo porque não tenho ideia do quanto gastarei com táxi nestas duas operações (e se eles aceitam dólar), que se for muito alto inviabiliza tudo, já que terei muito pouco tempo pra aproveitar a cidade a fazer valer o custo-benefício. Você saberia estimar qual seria o meu custo ou se há alguma alternativa viável nestes meus horários, como ônibus? Mandei um email para o Queens Hotel, tratando do transfer e perguntando se eles abririam uma exceção para que eu fique só um dia hospedado, e nada de resposta. Vi pelo Booking que eles citam o transporte gratuito aeroporto/hotel, mas não encontrei restrição quanto a dias hospedado ou horário de funcionamento. E agora? Desculpe pela mensagem longa, rsrs, e obrigado pela atenção!

    • Olá, Gabriel! Tudo bem? Esses horários doidos de conexão matam!!
      Vamos lá:
      – Do aeroporto até o centro demora uma vida, ou seja, a opção mais viável, pelo menos para a sua volta ao aeroporto seria de táxi (acho que o valor da corrida é bem salgado, mas não faço ideia de quanto seria exatamente);
      – Sobre a volta do centro até o aeroporto no primeiro dia, se seu voo é 12:30, acho que é arriscado sair às 10:30, pois o táxi levará pelo menos uma hora para chegar até o aeroporto. Eu sairia um pouquinho mais cedo e mesmo assim acertaria com o taxista no dia anterior para saber quanto tempo ele sugere;
      – O Fish Market foi excelente e recomendo a todos! Não é uma refeição baratinha, mas vale muito 😉
      – Sobre o Queens, vou entrar em contato por email avisando sobre a sua situação para ver se a galera dá um help.
      Abraços!

      • Muito obrigado pela atenção e rapidez na resposta, Gabriela! Vou ficar, então, no aguardo de uma resposta do Queens Hotel. Caso seja negativa, estou pensando em não reservar hotel nenhum e deixar para pesquisar preços com os taxistas no aeroporto mesmo, porque a depender da resposta ou fico no aeroporto ou sigo para algum hotel da região central que possua vaga disponível. Será que é muito arriscado? Quanto ao horário de retorno ao aeroporto no primeiro dia, vou seguir sua recomendação de viajante mais experiente e me programar pra sair às 09:30, rsrs. Ainda assim, penso que terei pelo menos 3h pra ver alguns pontos turísticos na região central. Considerando este tempo curto, quais atrações você sugere? Desculpe o trabalho e agradeço novamente pela presteza! Abraços.

        • De nada!
          O hotel respondeu meu email dizendo que não recebeu sua mensagem. Me informaram que não podem providenciar o transfer gratuito, mas que oferecem uma tarifa diferenciada para os meus leitores. Pediram que eu passasse sua informação para eles. Você pode mandar um email para [email protected]? Aí você me passa seu email e eles vão entrar em contato com você. Depois você analisa se vale a pena ou não e já verifica quais os custos do transfer.
          Abraços!