Fazer turismo em Nápoles pode deixar a pessoa muito confusa. Confusa por não conseguir entender como aquela é uma cidade localizada na Europa; por não conseguir compará-la com outras cidades turísticas italianas ou até mesmo confusa por acabar gostando do que odiou no primeiro momento em que pisou ali. Ficou confuso?? Pois é, Nápoles conseguiu mexer com nossos sentimentos do começo ao fim!
Já sabíamos da péssima fama da cidade, pois havíamos passado por sua estação de trem 8 anos antes (no caminho de Roma para Pompeia), em meio a uma greve geral dos garis, o que já foi motivo suficiente para termos aquela imagem de Nápoles associada ao lixo.
Claro que a fama de suja só veio a se confirmar agora, quando finalmente tiramos 2 dias para passear e realmente constatamos que a cidade é suja que só. Mas calma, não ache que o lugar não vale a pena por causa das poucas linhas acima. Pelo contrário, fomos embora sem querer, achando que aqueles 2 dias foram muito pouco e que, de fato, foram mesmo!
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Após várias idas à Itália, finalmente conseguimos nos entender com os italianos (que sempre foram meio rudes) e compreendemos que a melhor forma de sermos felizes na Itália é falando “portuano” (português com italiano). A gente inventa dali, os italianos falam prego de lá, e no final todo mundo se entende, ou não!
Após muitas pesquisas, descobrimos que a palavra prego, tão falada por eles, significa: ok, tudo bem, obrigado, legal, pode ser, e por aí vai… Você não sabe como agradecer ou pedir algo? Fale prego, que todo mundo vai entender!
Como o passeio por Nápoles começou justamente no centro da cidade, este foi o motivo de termos tomado um choque logo no início, pois o local é bastante decadente, com prédios em ruínas, paredes pichadas, varais com roupas estendidas pelas ruas, lixo pelo chão, gente falando alto, ruas lotadas, carros que não respeitavam a sinalização e motos andando na contramão.
Juro que não acreditamos que estávamos na Europa! Aquilo ali parecia mais a pior rua do Pelourinho, em Salvador. As fotos provavelmente não mostrarão isso tudo que estamos falando, afinal, nem tivemos coragem de pegar a câmera nos lugares mais estranhos.
Apesar da fama de perigosa, não tivemos problema algum. E, após algumas horinhas, estávamos achando aquilo tudo legal e até nos divertimos vendo aquela bagunça!
Primeira lição: Nápoles é diferente de Roma, Florença, Veneza, etc, ou seja, é melhor não fazer comparações!
Passados os primeiros momentos, começamos a curtir a cidade pra valer!!! Então começamos a bater perna, meio que sem destino, e passamos por uma rua sem saída, com uns prédios interessantes e um obelisco no meio deles. Descobrimos que é o Obelisco di San Gennaro, construção barroca do século XVII, sendo a torre mais antiga de Nápoles.
Tivemos a primeira grande surpresa ao entrarmos no Duomo di Napoli (Catedral de Nápoles), uma catedral católica romana que por fora aparentava ser apenas mais uma de tantas igrejas da Itália, mas que por dentro é tão linda, que julgamos ser uma das catedrais mais bonitas que conhecemos!
A entrada na catedral é gratuita e recomendamos MUITO a visita! Consideramos a catedral uma atração imperdível em Nápoles!
As ruas do centro normalmente são cheias de gente e encontramos lojas das mais variadas. As coisas mais fáceis de encontrar em Nápoles são lembranças de viagens, dentre elas, os ímãs de geladeiras. Confesso que não foi fácil encontrar ímãs muitos bem feitos, mas esse tipo de lembrança está por toda parte da cidade e os preços são ótimos.
Andamos também pela Via San Gregorio Armeno, conhecida como a rua dos presépios, por causa das várias lojas de artesãos que confeccionam artigos para presépios durante todo o ano! Estivemos na cidade no começo de janeiro e, mesmo após o Natal, as lojinhas estavam a todo vapor.
Mantenha bolsas e mochilas viradas para a frente e sempre preste atenção aos seus pertences. Como as ruas são cheias, não estamos livres dos batedores de carteira. Não vimos nada, mas todo cuidado é pouco!
A segunda grande surpresa foi o Museu Arqueológico Nacional, com a sua enorme variedade de objetos da antiguidade. Chegamos no primeiro domingo do mês e, para a alegria geral da nação, a entrada era gratuita! Opa, economizamos aí uns 8 euros rss
Nas primeiras salas, passamos por diversas esculturas gregas e romanas, algumas tão altas que foi difícil imaginar como conseguiram esculpi-las em mármore com tamanha perfeição. E olhe que nem eram de Michelângelo!
Mas o grande motivo de termos ido a esse museu foi quando soubemos que uma parte dos objetos e afrescos de Pompeia e Herculano estavam lá! Claro que, depois de ter visitado os dois grandes sítios arqueológicos, essa parte não poderia ficar de fora.
Acho que o museu deixa um pouco a desejar nas condições do prédio em si, pois poderia ser mais conservado, mas o seu acervo é interessante e vale muito a pena conhecê-lo!
Saindo do centro histórico, decidimos ir andando até a orla, quando passamos pelo Castel Nuovo, uma histórica construção medieval e renascentista do século XIII, sendo um dos símbolos da cidade. Para quem chega a Nápoles de cruzeiro, o castelo está localizado bem na saída do porto.
Foi andando a beira mar que veio a terceira grande surpresa: a de ver uma Nápoles menos suja, com edifícios mais bem cuidados e com um charme que não imaginávamos encontrar! Em uma caminhada pela orla, seguindo a Via Nazario Sauro. Além de ver o lindo vulcão Vesúvio, você passará por esculturas bonitas, como a Fontana del Gigante e também pelo Castel dell’Ovo, o castelo mais antigo de Nápoles.
Após a fonte, a orla segue pela Via Partenope, de onde temos uma vista lindíssima de uma parte da cidade que fica mais ao alto. E foi ali que o sol estava quase se pondo e a paisagem ficando cada vez mais bonita. Reconheço que essa caminhada pela orla foi fundamental para nos rendermos aos encantos de Nápoles!
Terminamos a tarde na Piazza del Plebiscito, rodeada de construções importantes, como a Basílica Reale San Francesco di Paola, que é LINDA por dentro (proibido fotografar seu interior) e do Palácio Real, que não chegamos a visitar por falta de tempo.
Durante a noite, passeamos pela animadíssima Via Toledo, uma extensa rua comercial que é uma das mais importantes da cidade. São lojas, bares e restaurantes em seus mais de 1km e também nas ruas adjacentes. Foi ali que descobrimos o quão animada é a cidade! Mesmo no inverno, o comércio ficava aberto até tarde.
E foi assim a nossa história com Nápoles, sem nenhum amor à primeira vista, mas que foi nos conquistando aos poucos e deixando a certeza de todos os lugares valem a pena serem visitados. Não temos a mínima dúvida de que é uma cidade que merece, e muito, ser visitada, mas que, para gostarmos, será mais fácil aceitarmos a Nápoles que existe e não a que imaginamos que deveria ser.
E você? Já esteve em Nápoles?
O que achou?
Leia também:
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- Dica de hotel em Nápoles
- Viagem de ônibus entre Roma e Nápoles
- Pompeia: a cidade devastada pelo vulcão
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Ui. Já queria conhecer, pois sou repetitiva e nunca consegui encaixá-la em meus roteiros italianos, mas agora a vontade se multiplicou em altos giros. Amei o post e quero ter minha própria opinião, pois sou do tipo “só acredito vendo” – desculpa de viajante para conhecer todos os cantinhos do mundo, claro!!! BjO!!!
Quer uma dica? Vá com a cabeça aberta e se deixe perder pelas ruas de Nápoles 😉
Olá Gabriela!
Já estive em algumas regiões italianas e já visitei diversas cidades, em diferentes momentos porque não gosto de pressa e nem correria. Eu fiquei encantada com a Itália (e com os italianos) desde a primeira vez em que visitei o país. Acredito ser um país de múltiplos destinos que até podem se parecer à primeira vista mas acho que estas semelhanças não resistem a um segundo olhar mais atento.
Gosto de cidades gastas e usadas como parece ser Nápoles, segundo seu minucioso e delicioso relato. Gosto de cidades caóticas (desde que não sejam violentas) que não se rendem logo de cara, que exigem que observemos antes de entendermos e nos rendermos. Eu sei que vou voltar à Itália outras vezes e seu texto colocou Nápoles no topo de minha lista. Obrigada.
Beijos Ana
A Itália é um país que encanta e muito! Assim como você, gostamos bastante de cidades caóticas, desde que sejam seguras e estamos sempre à procura de destinos neste perfil.
Apesar de Nápoles ter causado este impacto inicial, saímos encantados com a cidade e loucos de saudades 😉
Fico feliz em saber que, de alguma forma, conseguimos inspirá-la a conhecer Nápoles. Você não irá se arrepender!
Beijos
Gabriela, o foco da minha viagem será a Toscana, onde ficarei 10 dias, com base em Florença, passeando por outras cidades. Mas também vou à Roma, Verona e Veneza. Estava na Dúvida se colocava Milão (facilitaria a logística) ou Nápoles (próxima a Roma). Depois de ler os relatos de vocês sobre as duas cidades, fiquei um pouco mais propenso a optar por Nápoles. Apesar de ser uma cidade um pouco diferente do “modelo europeu” acho que vale a experiência, sem contar que tem bem pertinho Pompéia e Herculano, que gostaria muito de visitar. Valeu!
Nápoles e Milão são cidades opostas! Nápoles é mais do meu gosto e realmente tem essa vantagem de ser próxima a Pompeia e Herculano. Prepararemos um post próprio sobre Herculano e indico que as pessoas visitem primeiro Herculano para depois irem a Pompeia. E mais, o Museu Arqueológico fica mais interessante ainda depois que a pessoa já visitou os dois sítios, como foi o nosso caso 😉
Gabi, Nápoles é uma das paixões da minha vida. A vista do alto do Vomero ou da descida do Cabo Posillipo são de fazer o coração parar, com aquela baía se derramando aos nossos pés e o Vesúvio nos olhando de longe.`
Sem contar que a cidade tem história pra preencher uma biblioteca inteirina 🙂
O que sempre digo é que Nápoles não é uma cidade cenográfica. Ela tem defeitos, as marcas do uso, do descuido, mas uma vida que pulsa em cada cantinho.
Sou parcial, mesmo. Amo Nápoles
Nápoles é uma cidade complexa, que precisa ser interpretada. Como falei no início, cheguei a ficar chocada com o descuido, mas depois fui compreendendo melhor a cidade e percebi que há outras coisas muito mais importantes que isso. Confesso que fui embora sentida por não ter conseguido explorá-la melhor. Dois dias não foram suficientes, ainda mais depois de ter incluído Herculano no meio período do primeiro dia. Aí já viu, né? Vou ter que voltar rss
Beijos