Museu Memória e Tolerância – um museu que TODOS deveriam visitar!

Museu Memória e Tolerância – um museu que TODOS deveriam visitar!

Em grandes metrópoles, como a Cidade do México, há museus para todos os gostos. Algumas pessoas preferem museus de contam sobre a história local. Outros preferem aqueles que se dedicam à arte. No entanto, na capital mexicana, há um museu que TODOS deveriam conhecer: o MUSEU MEMÓRIA E TOLERÂNCIA – Museo Memoria y Tolerancia.

Situado no centro histórico da Cidade do México, muito próximo ao Palácio de Bellas Artes, o museu tem como foco os grandes genocídios que ocorreram no século XX, com o intuito de demonstrar do que um governo mal intencionado é capaz.

Para boa parte das pessoas, a palavra “genocídio” significa a morte indiscriminada de um grande número de pessoas. No entanto, apesar de ser, de fato, um assassinato em massa, a discriminação é um elemento necessário para que um massacre seja considerado um genocídio.

Segundo o dicionário Michaelis, GENOCÍDIO é a destruição total ou parcial de um grupo étnico, de uma raça ou religião através de métodos cruéis.

A mostra do museu é dividida em 7 eventos genocidas diferentes: o holocausto judeu, o armênio (ocorrido na Turquia), o bósnio (ex-Iugoslávia), o tutsi (Ruanda), o Khmer Vermelho contra os civis do Camboja, o indígena (Guatemala) e o de Darfur (Sudão).

O mais interessante (e educativo) do museu é o cuidado com que foram montadas as exibições, com a explicação das circunstâncias que precederam os genocídios, dando a oportunidade ao visitante de entender o desenrolar de acontecimentos que levaram aos massacres.

Sem dúvida, todos sabem a respeito do holocausto, ocorrido na Segunda Guerra Mundial, pois já foi tema de incontáveis filmes e livros. No entanto, os demais genocídios podem ser desconhecidos para boa parte dos visitantes.

Para melhor entender um pouco sobre esses eventos, faço uma breve descrição sobre cada um deles:

HOLOCAUSTO

O primeiro genocídio explorado no museu é o holocausto, o maior genocídio do século passado, quando foram assassinados mais de seis milhões de judeus.

É o maior acervo do museu, com um grande número de fotos, textos, depoimentos em vídeos e artefatos. São inúmeras salas que se conectam e fazem com que o visitante consiga, à medida que passa cada uma delas, “sentir” como a situação dos judeus na Alemanha nazista foi se degradando, culminando no resultado que todos conhecem.

Apesar de conhecida, o que muitos não sabem sobre o holocausto, é que a EUGENIA (uma teoria que, à época, era muito prestigiada e defendia o aprimoramento da raça humana, evitando a reprodução de supostas “raças degradadas”, como negros, judeus, etc), não tem origem na Alemanha nazista, mas na Inglaterra, com muitos seguidores nos EUA e até mesmo no Brasil. A mostra não deixa escapar esse fato e traz ao público uma explicação sobre essa controversa teoria racial.

É possível assistir a pequenos vídeos, que mostram a perseguição aos judeus ainda no início dos anos 30, com a retirada dos seus direitos civis.

Mostra ainda a explosão da guerra e a decisão de dar início ao assassinato em massa em campos de extermínio. Há, inclusive, um vagão original onde foram levados judeus aos campos de Auschwitz e Birkenau, na Polônia.

Holocausto no Museu da Memória e Tolerância

Painéis sobre a ascensão nazista; vagão original utilizado no transporte de judeus aos campos de concentração; alojamento em campo de concentração nazista

Tivemos a oportunidade de visitar o campo de Auschwitz, em 2013, e relatamos aqui a nossa experiência que, apesar de chocante, tem a capacidade de levar o visitante a refletir sobre a maldade humana cercada pela indiferença de boa parte do população local.

Ao fim da exposição sobre o holocausto, terríveis fotos com os resultados do massacre e um grande mural com a explicação sobre o destino dos grandes figurões nazistas por trás deste inexplicável e inaceitável extermínio.

Corpos no campo de concentração

Corpos em Dachau, um dos vários campos de concentração nazistas

GENOCÍDIO ARMÊNIO

A segunda exibição do museu é sobre o genocídio armênio, ocorrido em 1915 onde hoje é a Turquia, que, na época, era o Império Otomano, envolvido na Primeira Guerra Mundial.

Desde o século XV, armênios habitavam o Império Otomano e havia o interesse em se tornarem independentes. Com o advento da Primeira Guerra e a rejeição ao recrutamento para a luta por parte dos armênios, vieram os conflitos e começaram as detenções e deportações, culminando no extermínio de mais de 1 milhão de pessoas.

As execuções ocorreram das mais cruéis e variadas formas: desde o uso de armas químicas e biológicas a incêndios e afogamentos. No entanto, foi a chamada “marcha da morte” que ficou mais conhecida dentre todos os eventos. Os armênios, incluindo uma grande quantidade de crianças, mulheres e idosos, foram forçados a marchar até a Síria, com privação de comida, condições básicas de sobrevivência e sujeitos a todos os tipos de abusos, como estupros, espancamentos, fome e assassinatos.

Genocídio Armênio no Museu da Memória e Tolerância

Uma das raras imagens do genocídio armênio

A exibição traz fotos, depoimentos e textos sobre o evento. O tamanho da mostra é proporcional ao pouco conhecimento geral que há sobre o extermínio armênio, ou seja, é bem menor que a mostra do holocausto, mas não menos importante. Considerando justamente o desconhecimento geral sobre o tema, a absorção por parte do visitante termina sendo enorme, pois, para muitos, tudo é novo.

Na nossa visita à belíssima Vank Cathedral, na cidade de Esfahan, no Irã, conhecemos um pouco mais sobre o genocídio armênio em suas dependências, já que estávamos em uma importante catedral fundada por armênios no século XVII. A visita ao Museu Memória e Tolerância serviu para complementar esse primeiro contato.

Até os dias de hoje, a Turquia nega responsabilidade pelos fatos e rechaça a existência de genocídio no caso. O Brasil está entre as poucas dezenas de países que reconhecem que houve o genocídio.

O GENOCÍDIO BÓSNIO MUÇULMANO –  MASSACRE DE SREBRENICA

Para quem tem mais de 30 anos, não é difícil lembrar a grande quantidade de reportagens nos telejornais sobre a “guerra na Bósnia”. Enquanto poucos saberiam dizer em que região do mundo se situa a Bósnia, quase todos afirmariam ser perigoso ir a Sarajevo (capital do país), cidade que virou sinônimo de conflito. Até hoje, ao contar a alguém que pretende visitar a Bósnia, não é incomum ver feições de terror, como se o local ainda estivesse em guerra e fosse perigosíssimo ir lá.

Sem querer adentrar muito na história, mas com a intenção de dar uma noção geral, uma breve explicação do que ocorreu, culminando no genocídio em questão:

A partir de 1991, a antiga Iugoslávia, com a queda da União Soviética, foi se desintegrando e formando uma série de outros países, os atuais Eslovênia, Croácia, Sérvia, Bósnia, Macedônia, Montenegro e Kosovo, este último ainda não reconhecido pela ONU.

A região é uma mistura de etnias, com povos que viviam juntos, mas professavam religiões diferentes e até falavam idiomas distintos.

Após a declaração de independência da Eslovênia e da Croácia, foi a vez da Bósnia, cuja a população era formada também por sérvios, seguir o mesmo caminho. No entanto, os bósnios são, em sua maioria, muçulmanos. A minoria sérvia, cristã ortodoxa, não aceitou a independência, pois teria interesse em unir-se à Sérvia. Em 1992, foi dado início de um conflito que só terminaria em 1995, com milhares de mortos, em especial, bósnios.

Foi justamente no último ano da guerra, em julho de 1995, que na pequena cidade de Srebrenica, a poucos quilômetros da fronteira atual entre a Bósnia e a Sérvia, que mais de 8 mil homens, entre eles crianças, adolescentes e idosos, ao buscar refúgio em um abrigo da ONU, foram massacrados por tropas sérvias, com relatos de pessoas sendo enterradas vivas, mulheres estupradas e outras tantas atrocidades. A intenção dos sérvios, à época, segundo alegações, seria realizar uma limpeza étnica na região, com o extermínio de dezenas de milhares de bósnios muçulmanos.

Genocídio Bósnio

Painéis sobre o genocídio bósnio, com destaque para Slobodan Milosevic, presidente da Sérvia à época do massacre

Foi o primeiro assassinato em massa na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e, diferentemente dos dois anteriores, é bem recente, ou seja, a maioria das pessoas que lerem este artigo já havia nascido quando ele ocorreu. Os sobreviventes deste massacre ainda têm a idade de muitos de nós, de nossos parentes, amigos, etc. Não que isso torne este evento pior que qualquer outro descrito, mas mostra que a falta de limites e a intolerância ainda habitam esse mundo, mesmo após todas as atrocidades ocorridas no passado.

A exibição não se limita a falar apenas sobre o massacre de Srebrenica, mas também traz um panorama geral sobre a guerra, com imagens e relatos sobre o tema. É uma ótima oportunidade para trazer essa história ao conhecimento da população, pois a maioria das pessoas sequer ouviu falar sobre esse triste e estúpido episódio.

RUANDA – GENOCÍDIO TUTSI

Ruanda, um pequeno país na região equatorial da África, foi palco de um dos maiores massacres já ocorridos em um curto espaço de tempo, três meses, no ano de 1994.

Ruanda foi colônia da Bélgica até a década de 60. Lá conviviam 2 etnias, os hutus e os tutsis. Os tutsis, minoria naquele país, foram beneficiados durante o período de dominação belga, recebendo os melhores empregos e sendo indicados para as lideranças locais. Há teorias, inclusive, de que essa diferença étnica sequer existia de fato, tendo sido criado pelos belgas com o intuito de, ao dividir a população, melhor controlá-la, em um nítido “separar para dominar”.

Genocídio em Ruanda Museu da Memória e Tolerância

Genocídio em Ruanda – destaque para a imensa quantidade de facões utilizados no massacre

Em 1962, Ruanda tornou-se independente, e a minoria tutsi, até então beneficiada pelos colonizadores, passou a ser discriminada. Muitos se exilaram e os que ficaram foram marginalizados.

Dando um salto nos eventos e indo direto ao episódio exibido no museu, em 1994, após a morte do presidente do país, o hutu Juvénal Habyarimana, em um atentado no avião que estava, os tutsis foram responsabilizados e então começou o que poderia ser chamado de “caça”.

Incitados por lideranças hutus em programas de rádio e outros meios de comunicação, os tutsis foram massacrados em suas casas, escolas, trabalho, em pequenas vilas, no país inteiro. As mortes foram causadas, em sua maioria, por golpes de facões, que foram distribuídos aos montes entre os hutus. Os relatos apontam para vizinhos matando vizinhos de décadas. Colegas de trabalho e até familiares participaram do massacre.

Ao longo de 3 meses, estimam-se entre meio milhão a 800 mil mortos, uma cifra inimaginável! Uganda e a República Democrática do Congo (ainda chamado de Zaire, à época) foram invadidos por milhares de tutsis tentando escapar da caçada promovida pelos hutus.

Há ainda relatos de que TODAS as mulheres tutsis, mesmo ainda crianças, foram estupradas, o que gerou uma onda de abortos e suicídios após o genocídio.

Vítimas do genocídio em Ruanda

Imagens de sobreviventes do terrível massacre de tutsis em Ruanda

A ONU demorou muito a tomar decisões em intervir; os EUA, em razão do desastre ocorrido um ano antes na Somália com a queda de um helicóptero blackhawk e a morte de vários soldados por parte da população local (caso retratado no filme Falcão Negro em Perigo), com receio de críticas da opinião pública americana, relutou em reconhecer o genocídio que já estava em curso.

O evento ficou mais conhecido no mundo após o lançamento do filme Hotel Ruanda, em 2004.

A exibição é um grande acervo de fotos, vídeos e relatos. Como é um episódio recente, ocorrido há pouco mais de 20 anos, foi amplamente documentado, mas, infelizmente, não foi noticiado com a mesma intensidade.

Em razão de terem sido utilizados facões como principal meio de praticar o genocídio, a quantidade de sobreviventes mutilados é enorme, o que torna o drama ainda mais difícil de se encerrar.

O CAMBOJA SOB O DOMÍNIO DO KHMER VERMELHO

O Camboja foi, na década de 70, dominado por um grupo chamado Khmer Vermelho.

Sob o comando de Pol Pot, líder comunista que acreditava que o país deveria voltar aos tempos antigos e sobreviver apenas à base da subsistência de arroz e do que mais fosse produzido em seus campos, escolaridade era sinônimo de estrangeirismo que deveria ser punido com a execução. Assim, qualquer um que demonstrasse um mínimo de instrução era assassinado, sendo esse o destino de professores, advogados, médicos, ou qualquer um que ameaçasse o novo establishment.

O estado de sítio tomou conta do país, que penou por quatro longos anos, perdendo entre 1,5 a 2 milhões de pessoas.

Genocídio no Camboja Museu Memória e Tolerância

Algumas das milhares de vítimas do genocídio perpetrado pelo Khmer Vermelho no Camboja

Toda a nossa experiência no país, no início de 2015, foi relatado no post “Camboja: uma história de guerra, sofrimento e renascimento“.

Como o texto daquele post é muito mais detalhado, recomendo a sua leitura, pois a história é realmente tão impressionante quanto desconhecida.

Para quem não teve a oportunidade de conhecer o belíssimo Camboja e saber um pouco mais sobre a sua triste história recente, a exibição foi a primeira vez que vi uma menção tão incisiva sobre esse genocídio, que é totalmente ignorado no ocidente.

GENOCÍDIO INDÍGENA – GUATEMALA

Você sabia que, na Guatemala, na década de 80, o governo promoveu um assassinato em massa de indígenas maias?

Pois é, se a sua resposta foi “não”, não se culpe. Há um silêncio absoluto sobre esse genocídio na mídia mundial.

Os conhecidos povos pré-colombianos, maias, ainda habitam a América Central, com seus descendentes formando grande parte da população guatemalteca. A maioria vive na pobreza extrema, em áreas rurais, como verdadeiros campesinos.

Apesar de os assassinatos terem ocorrido ao longo de todo o período ditatorial (desde a década de 60), foi no início da década de 80, sob o governo do militar José Efrain Rios Montt, que o massacre sistemático da população tomou força.

Com o argumento de combater o risco comunista, mais de 200 mil pessoas foram mortas, em diversos ataques a vilarejos, onde homens, crianças, idosos e mulheres eram executadas a tiros, sem chance de defesa. Muitas das vítimas sequer falavam espanhol, ainda vivendo em grupos tribais.

Genocídio na Guatemala Museu da Memória e Tolerância

Imagens do pouco conhecido genocídio de indígenas na Guatemala

O genocídio guatemalteco, justamente por ser pouco mencionado ou mesmo conhecido, é chamado de “holocausto silencioso”, pois é raro encontrar alguém que saiba a seu respeito.

Antes de visitar o museu, eu já tinha ouvido falar sobre esse genocídio em uma reportagem online sobre a anulação do julgamento de José Efrain Rios Montt, algo muito superficial. No entanto, foi apenas no Museu Memória e Tolerância que me aprofundei mais no tema e resolvi pesquisar mais a fundo o que realmente ocorreu.

Vídeos contando os eventos estão disponíveis na mostra, assim como fotos e relatos.

DARFUR – SUDÃO

Mais um dos genocídios esquecidos. Com um requinte que ainda causa mais espanto: está em andamento e não tem previsão de acabar.

Darfur é uma região no oeste do Sudão, na fronteira com o Chade e a Líbia. Apesar de majoritariamente muçulmana, a região é habitada por não árabes, ao contrário do que ocorre com o resto do país, de maioria árabe.

No início dos anos 2000, Darfur rebelou-se contra o governo central, de Cartum (capital do Sudão), pró-árabe, acusando-o de opressão e negligência.

Em razão disso, desde então, o governo sudanês vem, sistematicamente, exterminando a população local, com estimativas de 400 mil mortos e mais de 2 milhões de refugiados.

Presidente do Sudão Genocídio

Painéis sobre Darfur, Sudão, apresentando mapa e vídeos

Genocídio em Darfur no Museu da Memória e Tolerância

Cenas de Darfur, Sudão, onde um genocídio ainda se encontra em curso

Apesar de os EUA reconhecerem o genocídio em Darfur, a China, sua maior parceira comercial, defende o governo local em todos os fóruns promovidos pela ONU, vetando qualquer possibilidade de intervenção no país.

Para completar o drama dos refugiados, a seca e a fome aumentam diariamente o número de vítimas em Darfur.

POR QUE O MUSEU MEMÓRIA E TOLERÂNCIA É IMPERDÍVEL?

A visita ao Museu Memória e Tolerância, como dito no início do texto, deveria estar incluída em todos os roteiros da Cidade do México. É verdade que é um museu que não está relacionado, pelo menos não diretamente, à história do México e talvez, por isso, não pareça fazer sentido a sua visita para quem vai à cidade como turista.

No entanto, eu acho uma pena que o Museu Memória e Tolerância não esteja disponível em todas as grandes cidades do mundo. Visitá-lo, em minha humilde opinião, é um “soco no estômago” a cada painel que se vê, cada relato que se lê, cada vídeo a que se assiste.

A existência de tantos genocídios, que são simplesmente desconhecidos do grande público, demonstra como a mídia nos manipula a ponto de fazer com que terríveis acontecimentos, liderados por governos que buscam muitas vezes apenas ratificar o seu poder, tornem-se pequenas notas de rodapé em jornais, ofuscados pelas notícias do último placar no clássico regional ou o mais novo affair das subcelebridades.

E para quem acha que, em razão da cobertura midiática incessante dos horrores do holocausto, não há mais o que se aprender ou saber sobre o genocídio da Segunda Guerra Mundial, pois os filmes hollywoodianos já o exploraram em demasia, a mostra nos dá a ideia de que, mesmo após tanto conhecimento, ainda somos totalmente manipuláveis, sendo possível “criar” supostos inimigos e justificar um genocídio atroz, como fez Hitler ao longo de seu governo nos anos 30, ainda antes de deflagrada a guerra.

Considerando os tempos atuais, quando as diferenças étnicas, religiosas, políticas e até mesmo sexuais vêm crescendo exorbitantemente, a visita ao Museu Memória e Tolerância poderia ser tachada de obrigatória a todo ser humano, para entender como a sua criatividade e inteligência, capazes de criar belíssimas coisas mundo afora, podem ser utilizadas para os mais cruéis e nefastos fins.

Museo Memoria y Tolerancia Mexico

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