
Confesso que não sou das pessoas mais religiosas. Sempre enxerguei a religião mais como cultura do que como fé — e talvez por isso eu me interesse tanto pelos seus símbolos, histórias e locais. Já visitei igrejas católicas, luteranas, ortodoxas, mesquitas, templos budistas… Em cada um deles, encontro camadas riquíssimas de história e significado. Foi assim que fiquei encantada com a Jordânia.
Localizada no Oriente Médio, entre Israel, Síria, Iraque e Arábia Saudita, a Jordânia é um país que surpreende por sua hospitalidade, segurança e riqueza cultural. A religião oficial é o islamismo, e a maior parte da população é muçulmana sunita. Ainda assim, a Jordânia é conhecida por preservar vários locais sagrados do cristianismo, especialmente ligados à vida de Jesus Cristo e às narrativas do Antigo Testamento.
A cultura jordaniana é marcada por tradições árabes, culinária saborosa, mercados animados e um povo cordial. É um daqueles destinos que nos conquistam tanto pelo cenário quanto pela história que carrega.
Esse pequeno país guarda uma herança religiosa impressionante, especialmente para quem tem curiosidade sobre o cristianismo. Mesmo para quem não é devoto, a Jordânia oferece uma viagem profunda no tempo, onde o cenário bíblico se encontra com a paisagem desértica e as tradições locais.
Nosso roteiro incluiu diversas experiências incríveis, que foram contadas aqui nesse post, mas agora compartilho especialmente as que envolvem locais históricos mencionados na Bíblia e que me marcaram muito !
Essa viagem teve um descanso merecido no sul do país, nas águas do Mar Vermelho, em Aqaba, e depois seguimos viagem por lugares com forte valor espiritual e histórico: Madaba, o Monte Nebo e o local do batismo de Jesus no Rio Jordão.
Índice
1. Aqaba: as águas do Mar Vermelho
O primeiro local que faz parte do cenário Bíblico fica em Aqaba, a única cidade da Jordânia com acesso ao mar. A ideia era parar por lá para descansar — e nada melhor do que as águas calmas e cristalinas do Mar Vermelho para isso.
De acordo com a Bíblia, foi o Mar Vermelho que Moisés atravessou com os hebreus ao fugir do Egito, no famoso episódio da abertura das águas. O livro do Êxodo conta que, ao serem perseguidos pelo exército do faraó, Moisés estendeu a mão e Deus separou as águas, permitindo que o povo passasse a pé seco. Assim que os egípcios tentaram atravessar, as águas voltaram e os engoliram.
Quando cheguei às margens do Mar Vermelho, me veio imediatamente à mente a cena de Moisés abrindo o mar — aquela imagem que ouvi pela primeira vez ainda criança, quando conheci a história bíblica. Foi justamente por esse episódio que eu soube da existência do Mar Vermelho, muito antes de imaginar que um dia estaria ali, olhando para ele com os próprios olhos.
Estávamos tomando banho nas águas calmas e cristalinas em Aqaba, e do outro lado podíamos avistar Israel, tão próximo que parecia logo ali.

Mar de águas cristalinas, porém um pouco frio para quem está acostumada às águas mornas do nordeste brasileiro
Embora os estudiosos debatam a localização exata da travessia, estar naquele cenário me fez lembrar o quanto certos lugares ficam marcados na nossa memória desde cedo — mesmo sem perceber. Hoje, o mar é calmo, com águas cristalinas, procurado por mergulhadores do mundo todo.
2. Madaba: história viva em mosaicos bizantinos
Depois de um dia de descanso em Aqaba, subimos rumo a Madaba, uma cidade turística interessantíssima e carregada de história. Madaba tem um centro histórico animado, com lojinhas, cafés e restaurantes que atendem bem os visitantes.

Um centro comercial em Madaba
O ponto alto da cidade, principalmente para quem tem interesse no cristianismo, é a famosa Igreja Ortodoxa de São Jorge (St. George’s Church). É lá que está o célebre Mapa de Madaba, um enorme mosaico do século VI que cobre o chão da antiga igreja bizantina. Esse mosaico é considerado a representação cartográfica mais antiga e bem preservada da Terra Santa, mostrando Jerusalém, Belém, o Mar Morto e outras regiões citadas na Bíblia.

A entrada da Igreja Ortodoxa

O chão da igreja coberto de mosaicos que formam o Mapa de Madaba
A entrada é barata, a experiência é rápida, mas marcante. É impossível não se emocionar ao ver esse pedaço da história ali, diante dos nossos olhos, feito de pequenas pedrinhas que resistiram a séculos de tempo e conflitos.
Além disso, para quem curte arqueologia e arte sacra, o Parque Arqueológico de Madaba é uma parada imperdível. Ele preserva ruínas de ruas e construções do período romano e uma coleção impressionante de mosaicos bizantinos, muitos com cenas bíblicas e figuras geométricas que mostram o requinte artístico da época.

Mosaicos do Parque Arqueológico de Madaba
Dá pra conhecer o essencial de Madaba em um único dia, mas ela também é um ótimo ponto de apoio para visitar locais sagrados próximos, como o Monte Nebo, que visitamos no dia seguinte.
3. Monte Nebo: onde Moisés avistou a Terra Prometida
O Monte Nebo é um dos locais mais sagrados e emocionantes da Jordânia. Segundo a tradição bíblica, foi do alto desse monte que Moisés avistou a Terra Prometida antes de morrer, após conduzir o povo hebreu na travessia do deserto. Embora nunca tenha pisado na terra que viu de longe, o momento é retratado como um dos mais simbólicos do Antigo Testamento.
Hoje, do alto do monte, é possível ter uma vista ampla e impressionante do vale do Rio Jordão, do Mar Morto e, em dias de céu limpo, até mesmo de Jerusalém e Jericó, do lado israelense. Para ajudar os visitantes, há placas explicativas indicando quais cidades e regiões podem ser vistas a olho nu.

As placas ajudam a nos guiar entre os locais históricos que podem ser vistos do alto do monte
A entrada não custa muito e é recomendado seguir um código de vestimenta respeitoso, evitando roupas curtas ou decotadas. Também não é permitido entrar com alimentos.
Além da vista, outro destaque do monte é a Basílica Memorial de Moisés, construída para preservar os mosaicos bizantinos descobertos ali. As obras retratam cenas do cotidiano e da fauna da época, com uma riqueza de detalhes impressionante. Caminhar por ali é como fazer uma ponte entre passado e presente, entre história, fé e arte.

Os mosaicos bizantinos de dentro da Basílica
O Monte Nebo é um lugar de contemplação, independentemente da religião. Um daqueles pontos que silenciam a gente e nos fazem apenas observar, sentir e refletir.
4. Bethany beyond the Jordan: o local do batismo de Jesus Cristo
Encerrando as dicas de locais ligados à história do cristianismo na Jordânia, visitamos um dos pontos mais simbólicos do país: o local onde, segundo a tradição, Jesus Cristo foi batizado por João Batista, às margens do Rio Jordão. Esse lugar sagrado é conhecido como Bethany Beyond the Jordan, e é reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial, além de ser considerado por diversas igrejas cristãs como o verdadeiro local do batismo de Jesus.
A visita é guiada e começa logo após a compra dos ingressos. Seguimos de ônibus até o início de uma trilha, e, durante o trajeto, o guia (no nosso caso, falava inglês) explicava os fatos históricos e arqueológicos que ajudaram a confirmar o local como aquele descrito na Bíblia . Ele também falou sobre os primeiros peregrinos que passaram por ali ainda nos primeiros séculos do cristianismo.
Antes de iniciar a trilha a pé, passamos por uma pequena igreja ortodoxa moderna, construída em homenagem ao batismo de Jesus. Ela fica no alto, rodeada por árvores e pedras, e abriga ícones religiosos e arte sacra que representam João Batista e o próprio batismo.

A igreja ortodoxa por onde passamos antes de seguirmos a trilha até o local do batismo de Cristo
Chegamos então ao ponto onde supostamente teria ocorrido o batismo — hoje completamente seco — mas ainda preservado com ruínas de uma capela, além de mosaicos no chão.

Esse é o suposto local onde ocorreu o batismo de Cristo
Mas o momento mais impactante foi quando chegamos, de fato, à margem do Rio Jordão. O trecho onde se pode chegar é bem curto, mas carregado de significado.
De um lado, estávamos nós, na Jordânia. Do outro, Israel — separados apenas por alguns metros de água. Dava pra ver claramente os fiéis sendo batizados no lado israelense, em trajes brancos, enquanto se ouviam orações e cânticos.

Estávamos bem de frente para Israel

O máximo que fizemos foi colocar os pés na água
Nosso guia explicou que, quem quisesse, poderia entrar nas águas do lado jordaniano. Apenas duas pessoas do nosso grupo se aventuraram. Eu fiquei ali, observando, e confesso que pensei: “se a gente desse um mergulho e saísse um metro adiante, estaríamos em Israel — e provavelmente causaríamos uma crise diplomática, rs.”
Brincadeiras à parte, o lugar tem uma energia especial, daquelas que tocam mesmo quem vê a religião como parte da história e da cultura. Estar ali, entre ruínas, silêncio e simbolismo, foi uma daquelas experiências que não se esquecem.
Viajar pela Jordânia foi, para mim, muito mais do que visitar lugares bonitos — foi como caminhar por dentro de histórias que ouvi desde a infância. Mesmo não sendo uma pessoa religiosa, enxergar a fé como parte da cultura me permitiu viver essa experiência com curiosidade e profundidade.
Cada local que visitamos — o Mar Vermelho, Madaba, o Monte Nebo e Bethany Beyond the Jordan — trouxe uma sensação diferente: de lembrança, de descoberta, de contemplação. Ver de perto paisagens citadas na Bíblia, mosaicos antiquíssimos e locais sagrados me fez perceber o quanto o passado ainda pulsa nesses espaços, mesmo diante da vida moderna.
A Jordânia é um destino que acolhe não só os fiéis, mas também aqueles que, como eu, buscam compreender a história por trás da fé. É um país onde a cultura, a espiritualidade e a hospitalidade andam lado a lado. E, sem dúvida, merece estar na lista de quem ama viajar com o coração aberto — e olhos atentos à riqueza do mundo.
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